Altar
Num local mais discreto do recinto, no extremo do lado norte encontra-se rodeado por vários monólitos um menir que se diz ser o altar, poderia ser onde se realizavam sacrifícios periódicos e talvez até a circuncisão pois essa prática é muito antiga em várias civilizações.
Na Bíblia[1] vem referido que a circuncisão ritual deve de ser feita com uma faca de pedra, esta faca de pedra só pode ter conotações de rituais Neolíticos.[2]
Existe um outro menir descaído também perfeitamente nivelado em cima, por coincidência encontra-se no extremo sul do recinto, fica também registada que as medidas do seu topo são muito semelhantes às medidas de um altar de sacrifícios em pedra, na Rocha da Mina, que se julga pertencer a Endovélico.
[1] Êxodo 4:25
[2] NEVES, Vitor Pereira, Cromeleque dos Almendres, pp. 43.
Imagens Totémicas
Segundo Pereira das Neves existe uma inscrição de uma cabeça de lobo podendo estar relacionada com ídolos Totémicos; de facto ainda há poucos anos esta zona era assolada por lobos, porém as representações de caras como já foi referido em cima são muito suspeitas, a parte de baixo é uma mancha de ferro na rocha e a curva de cima é uma racha natural, no entanto nada nos diz que esta não possa ser uma representação importante tida em conta na altura mesmo sendo uma marca natural na rocha, o facto de se encontrar perfeitamente orientada para Oeste talvez lhe dê alguma validade, no entanto estas marcas só são visíveis durante o dia, não contém qualquer relevo o que demonstra que não foram produzidas pelo homem.
VII Locais Relacionados e perto de Almendres
Cromeleque Portela de Mogos
Recinto em forma oval, orientado segundo o seu eixo maior no sentido este-oeste e constituído por cerca de 40 menires numa colina inclinada para nascente como Almendres.
No interior tem um conjunto de menires que marcam o eixo norte-sul sendo o central de maiores dimensões.
A nascente alguns menires formam um alinhamento com relevos de linhas onduladas, covinhas, báculos e círculos
Dista 8km 203º Nordeste do recinto de Almendres.
Cromeleque de Vale Maria do Meio
Contém cerca de 3 dezenas de menires formando um arco em ferradura no sentido Este-Oeste aberto a nascente, com 37 metros de comprimento por 20 metros de largura máxima.
Em dois dos monólitos do lado poente estão insculpidos báculos, círculos, ferraduras e figuras antropomórficas.
Está igualmente como Almendres numa colina com inclinação para nascente.
Dista a 8.5 km 213º Nordeste do recinto de Almendres
Gruta do Escoural
Necrópole neolítica com um importante núcleo de arte rupestre
Cromeleque de Xerez
De acordo com o levantamento pela câmara municipal o recinto não é um cromeleque mas um Témeno, um recinto quadrangular muito raro, estava construído numa ligeira inclinação para nascente antes de ter sido deslocado, possui 50 menires de granito alguns com formas fálicas, no centro está um grande menir com 4 metros de altura com forma fálica e várias covinhas na base.
Perto deste recinto há também vários menires de granito isolados com rodas solares e ferraduras gravadas na base.
VIII Conclusão
Como se vê existiu uma grande tendência de representações pares nos menires, as inscrições, orientações e alinhamentos também demonstram que este local não foi feito ao acaso, com uma grande preocupação do meio envolvente e de ordem cósmica, o facto mais fascinante é a semelhança das representações das Lúnulas com as figurações Sumérias, existindo ainda outras semelhanças por referir espalhadas por todo o mundo desde a Escadinávia até à India.
As lúnulas e falos têm alguma lógica na nossa mente actual, mas não se consegue saber qual o significado das quebras artificias por cima dos menires, o ponto e a linha espiralada ascendente é igualmente intrigante, a pedra era algo muito difícil de trabalhar, este recinto era de certeza completado por matérias mais fáceis de trabalhar, como o barro e madeira, as quais provavelmente conteriam muitas respostas caso se conservassem até aos nossos dias.
Ao contrário dos outros trabalhos expostos anteriormente que referem apenas 4 ou 5 inscrições ficou demonstrado que este recinto estava bastante decorado, onde a maior parte dos menires tinham alguma marca, mesmo que fosse muito rude, as próprias formas diferentes dos menires demonstram que este era um local complexo e diversificado.
Muitas teorias foram expostas algumas próprias e outras de autores reconhecidos, no entanto todas elas devem de ser consideradas apenas como meras hipóteses, muito dificilmente se irá descobrir o verdadeiro objectivo deste recinto, além disso, a forma original foi já bastante alterada pelo homem e pelo tempo.
Apenas se pode ter uma certeza, era um monumento para a grandeza onde se usou a pedra para atingir a eternidade permanecendo assim um complexo religioso activo durante praticamente 3000 anos; nada resiste ao poder do tempo, raríssimas construções perduram tantos anos, demonstrando que quem construiu este local, pela sua complexidade e duração de tempo, estava bem consciente e dotado de noções e conhecimento que provavelmente se perderam para sempre.
Termino este trabalho com mais uma coincidência, as representações do sol e da lua em Almendres e do nome da aldeia perto do local; Nossa Senhora de Guadalupe costuma aparecer igualmente representada com o Sol e a Lua.
Bibliografia
ALMEIDA, José António Ferreira de, Tesouros Artísticos de Portugal, Lisboa, Selecções dos Readers Digest, 1976.
ALVIM, Pedro, A Cidade de Évora. Boletim de cultura da Camara Municipal, nº2, II Série, Évora, C.M. Évora, 1997.
AMARANTE, Eduardo, Portugal Simbólico, Nova Acrópole: Lisboa, 1991.
AMARANTE, Eduardo, Mitos e ugares Mágicos de Portugal, Zéfiro: Sintra, 2008.
ASCALONE, Enrico, Mesopoamia. Assyrians, Sumerians, Babylonians, London, University of California, 2005.
CALADO, Manuel, “Menires, Alinhamentos e Cromelechs”, História de Portugal. Portugal na Pré-História, vol.1, Cor. MEDINA, João, Amadora, Ediclube, 1995
C.M. Évora, Évora Guia Turístico do Concelho, Évora, C.M. Évora, 2008.
C.M. Évora, Évora Megalítica, Roteiro, Évora, C.M. Évora, [s.d.].
ELIADE, Mirce, Tratado de História das Religiões, Lisboa, Edições Cosmos, 1977.
HOFSTÄTTER, Hans, PIXA, Hannes – História Universal Comparada. Das Origens a 1200 a.C., vol. 1, Lisboa, Círculo de Leitores, 1984.
KRUPP, Edwin C., No Rasto de… As Antigas Astronomias, Mem Martins, Europa América, 1978.
LOUÇÃO, Paulo Alexandre, A Alma Secreta de Portugal, Lisboa, Ésquilo, 2002
LOUÇÃO, Paulo Alexandre, CALLEJO, Jesús, MARTÍNEZ, Tomás, Lugares Mágicos de Portugal e Espanha, Lisboa, Ésquilo, 2007.
LOUÇÃO, Paulo Alexandre, Portugal Terra de Mistérios, 3ª Ed., Lisboa, Ésquilo, 2001.
PEREIRA, Paulo, Lugares Mágicos de Portugal. Paisagens Arcaicas, Lisboa, Círculo de Leitores, 2009.
PEREIRA, Vitor M.L. Pereira, Cromeleque dos Almendres. Do enigmatismo ao conhecimento, Évora, [s.n.], 2002.
Gema. (http://www.crookscape.org/index.html, 04/12/09)
C.M. Évora Arqueologia (http://www2.cm-evora.pt/arqueologia/, 05/12/09)
The Megalithic Portal (http://www.megalithic.co.uk/ 05/12/09)
MARTIN, James, About (http://goeurope.about.com/b/2006/10/03/drink-wine-made-with-ancient-methods-in-portugals-alentejo-region.htm, 05/12/09)